Pois... desculpem a demora.
Domingo foram as meias-finais... mas o resultado só o soube na segunda..
Não nos qualificámos :(
Foi pena, mas foi bom.
Ficámos em 9º. Passavam os oito primeiros.
Porque demorei a dar a resposta... apenas porque andava exausto e ainda não tive paciência para passar pelo blog.
Foi óptimo ter subido aquele palco. Sentir o esforço todo receber alguma compensação.
Poder olhar o "Panorama" pela segunda vez, mas agora do lado dos músicos. Arrastar as racks pelas ruas. Parar e tocar.
As pessoas, aos milhares, movimentam-se entre as bandas e vão parando cada vez que ouvem o som mágico dos sticks a indicar que vai começar uma música.
Percebe-se em muitos a emoção de tocar. E é um susto quando, depois de 2 horas nos vemos finalmente em frente aquele palco. A banda anterior ainda toca. Aqui não podemos fazer barulho. É esperar apenas...
Depois é tudo muito rápido. Em 5 minutos todos os instrumentos são arrastados e alinhados seguindo a mesma distribuição do último ensaio...
A luz do palco muda de azul para branco. Vai começar.
Ouve-se uma vez a tarola do tambor...
Faz-se uma vénia...
Segunda vez a tarola. Todos os corpos se erguem de novo, coordenados.
Depois dá-se o tempo... e começa a música.
Tão rápida. tão efémera.
Na concentração das notas o público torna-se ausente. Só o oiço quando paramos
Aplausos. Muitos.
Sei que correu bem.
Mas há outras bandas... boas também. E nós não conseguimos melhor.
Depois vem uma noite longa, a arrumar tudo. Erguer com os braços estas racks enormes para as carregar em camiões TIR. Camiões às dezenas, aguardando cada um a sua vez de levar um pouco de uma banda consigo.
E acaba. Assim. sem mistério, sem um seguimento. A música continua, pois o Carnaval está perto e vamos tocar nas ruas. Mas ao palco já não subimos mais.
Foi bom. Foi duro.
E esqueci-me de muito para o poder fazer.
Valeu a pena, mas não acredito que o volte a repetir. É um exagero...
Diverti-me sobretudo.
Mas também me senti muito longe de muito do que me é importante.
E percebo agora porque é que este tipo de devoção sempre me fez tanta confusão...
A sensação que tenho é a de estar a acordar de uma anestesia de mais de um mês.
Não foi apenas a falta de tempo para escrever, passear, ir à praia.
Para fazer todas as coisas que me dão prazer mas que se tornaram impossíveis nestes dias.
Foi sobretudo um afastamento completo de toda a realidade. Um esquecer do mundo em que me encontro...
passou um mês... e , durante 30 dias, só ouvi esta mesma música, em consecutivo.
Foi um mês de conversas de três minutos interrompidas invariavelmente pelo "adeus... .tenho que ir ensaiar".
Um mês também de muitos desencontros, ausência minha quase sempre.
Não tive tempo para estar com as pessoas, para conversar um pouco.
E fui sentindo que aos poucos me desligava de todas as minhas referências, perdendo a noção de acontecimentos que sucediam à minha volta.
Afastei-me de tudo.
Quando chegava, esgotado, só queria era sossego, e dormir umas quantas horas.
E ao longo de toda esta aventura ia-me questionando sempre se seria capaz de a levar até ao fim.
Levei-a até às meias-finais, onde acabámos por ficar todos.
Experiência tão estranha.
Boa, mas com um sabor amargo...
Julgo que valeu a pena.
:)