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Quando leio receio o confronto com este momento em que toda a ilusão se desfaz... ponto que anseio e temo, inevitavelmente querendo mais.
Os livros que leio têm muitas vezes finais difíceis. Culpa dos autores... culpa talvez de quem lê. E o aperto costuma deixar-me sem falar.
Outras vezes não terminam, prolongando-se para lá das palavras, ultrapassando o papel.
Vogo então nesse caminho que me fica apontado e sonho os gestos que faltaram.
Esta estória termina.
Aproxima-se rápida, derradeiramente dessa última palavra para além da qual se estende apenas um ponto.
Olho os meus dedos. Ainda não chegam para contar as duas dezenas de páginas que tenho que virar, mas é curta a diferença...
e tenho medo,
e desejo,
e vontade.
Devagar (apressadamente?) despeço-me, como nos livros. Liberto-me.
E descubro-me personagem, sentindo a dor física do ponto final que me espera, abandonando uma estória que continuará para lá de mim.
De repente, como nos livros, tudo o que há contar é maior que as folhas por virar. Precisava de mais espaço, de mais tempo, de mais tudo.
Mas não é um livro, e em breve, tão breve, só a recordação impressa na memória permitirá voltar atrás. Reler o que nunca ficou escrito. O que não se escreve.
Diferente o início. Angustiante, cheio de expectativas e sonhos... alguns vividos, outros nem tanto, ou talvez diferentes apenas. Mas sempre encerrado na certeza aconchegante de saber regressar, um dia.
E agora, fechadas as cortinas (quase), o vazio.
E a personagem, alheia às palmas - ou assobios(?)... :) - despertando cheia de vida vivida pergunta-se se sonhou...
Regressará? terminou?...
Não sabendo o que sente.
Apenas vontades duplas, misturadas.
E saudades de muito.
De Portugal
De Trinidad
9 Comentários:
Meu querido
Perante um texto desta qualidade, não há quem consiga comentar ao mesmo nível...
Sei que vais guardar esse livro numa prateleira muito especial da estante do teu coração
E nós cá te esperamos, impacientes, para te abraçar muito apertado, no início de outro capítulo da tua vida
Beijo grande
Céu
Perante texto tão difícil de escrever (pelo menos para mim) nem sei que comentar.
lindo, profundo, Enorme e muito belo.
Cá estou à tua espera. Sempre.
Beijo grande da mãe.
Palmas sim! Por este texto, por tantos outros, por este blog, por tudo o que connosco partilhaste ao longo destes dois anos. Parabéns! E vai pensando em escrever depois de regressares (blogs, livros, o que quiseres!).
Dou por muito bem empregue um par de horas que passámos ao telefone antes desta "aventura caribenha"... :-)
Abraço.
Oh Pedro, como é possível escrever assim, e pensar que vai chegar o momento do ponto? Muitos outros vão vir, tenho a certeza, nem que para isso tenhas que ir para outras paragens depois de matar saudades de Portugal.
Nunca terei como retribuir o que me /nos foste dando ao longo destes 2 anos e meio, só dizer-te obrigado, do mais fundo do meu coração.
Bjs e até breve!
Marylight
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pontos trigémeos . . .
piruetas humanas
:)
Ja nao sei muio bem como descobri o teu blog.
Gosto de vir ca sentir o pulso do que e ser emigrante nos tropicos. Mas nunca comentei.
Hoje, perante um texto destes, nao resisto.
BOA VIAGEM. E 1 ABRACO BEM FORTE.
Aparentemente, ja cheguei tarde ao blog. Li este primeiro post e tenho mta vontade de ver o que ficou antes. Ver o que fez um portugues pelas Caraibas. Neste momento, tudo e possivel, neste livro que vou começar a ler.
Comecei pelo fim nostalgico.
Vou, agora, em flashback, procurar o leitmotiv
gosto muito
muito
de ti,
pedro
primo.
@-,-'-
Um blog sem ponto final...
Pergunto-me o que sentes quando voltas 'aqui', quando revisitas centenas (milhares?) de fotografias, quando te relês, quando..
( )
Três anos passados desde então..
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