Quando leio receio o confronto com este momento em que toda a ilusão se desfaz... ponto que anseio e temo, inevitavelmente querendo mais.
Os livros que leio têm muitas vezes finais difíceis. Culpa dos autores... culpa talvez de quem lê. E o aperto costuma deixar-me sem falar.
Outras vezes não terminam, prolongando-se para lá das palavras, ultrapassando o papel.
Vogo então nesse caminho que me fica apontado e sonho os gestos que faltaram.
Esta estória termina.
Aproxima-se rápida, derradeiramente dessa última palavra para além da qual se estende apenas um ponto.
Olho os meus dedos. Ainda não chegam para contar as duas dezenas de páginas que tenho que virar, mas é curta a diferença...
e tenho medo,
e desejo,
e vontade.
Devagar (apressadamente?) despeço-me, como nos livros. Liberto-me.
E descubro-me personagem, sentindo a dor física do ponto final que me espera, abandonando uma estória que continuará para lá de mim.
De repente, como nos livros, tudo o que há contar é maior que as folhas por virar. Precisava de mais espaço, de mais tempo, de mais tudo.
Mas não é um livro, e em breve, tão breve, só a recordação impressa na memória permitirá voltar atrás. Reler o que nunca ficou escrito. O que não se escreve.
Diferente o início. Angustiante, cheio de expectativas e sonhos... alguns vividos, outros nem tanto, ou talvez diferentes apenas. Mas sempre encerrado na certeza aconchegante de saber regressar, um dia.
E agora, fechadas as cortinas (quase), o vazio.
E a personagem, alheia às palmas - ou assobios(?)... :) - despertando cheia de vida vivida pergunta-se se sonhou...
Regressará? terminou?...
Não sabendo o que sente.
Apenas vontades duplas, misturadas.
E saudades de muito.
De Portugal
De Trinidad