Dia da Independência
Bem, este estava semi atrasado, sobretudo depois do que presenciei e escrevi atrás...
De qualquer modo coloquei fotografias novas no link das fotos, e portanto a explicação.
Na quarta-feira de 31 (bem sei, já distante do calendário, que é o que dá vir pouco ao Blog... sorry) celebrou-se o Dia da Independência.
Claro que foi feriado, mais um para acumular aos anteriores e aumentar a minha sensação de semi-férias (neste momento já com 7 meses).
O dia marca a o momento em que Trinidad se torna independente de Inglaterra em 1962. É celebrado com muitas paradas e fogo de artifício à noite, mas começando pelo princípio.
Tudo começa de madrugada neste país (ainda me lembro de um certo vizinho a cortar relva às 5h00 da manhã com um "Weedy Wacka", ou corta-relvas daqueles que funcionam a gasolina). Claro que as paradas seguem um caminho idêntico, pois o facto de ser feriado não é motivo suficiente para manter alguém na cama.
Assim, bem cedo, "tudo o que marche"( como diz o Bernard) inicia a parada, a qual vai deslizando pelas principais ruas da cidade até chegar junto aos quartéis do exército onde termina.
A rua onde moro faz parte do percurso, e a proximidade dos quartéis faz com que só passem por minha casa às 11h00. Não que isso me tenha dado mais algum tempo de sono, pois às 8h00 já estava nos Invaders, que se preparavam para receber o "cortejo", e sobretudo o público que o segue, com muita comida, bebidas, e claro, música.
Como para músico residente ainda deixo um bocado a desejar, acabei por ser o "fotógrafo do momento" enquanto tocavam.
À passagem da parada a música parou.
O público está parado nos passeios, estreitos, talvez com 1.5m Aguardam as marchas, mas para além de observarem não comentam muito. Ainda pensei que batessem palmas, ou qualquer coisa parecida, mas tirando as que são deixadas a todos os elementos dissonantes (como a bicicleta com bandeiras) pouco acontece. É que apesar de toda a aparente "fogosidade" e do espírito das caraíbas, nunca conheci um povo tão recatado no expressar de emoções em público (Excepção para o Carnaval, onde vale tudo). Em trinidad não se dança, não se canta, não se festeja, a não ser que se vá de facto para a festa, ou para o lime... mas obviamente a parada é assunto de estado...
A primeira personagem a passar remete-me imediatamente para um 4 de Julho americano tal como o imagino, pois nunca assisti a nenhum. É um porta-estandartes, vestido com as cores nacionais e carregando a bandeira. Vem de chapéu na cabeça, óculos escuros e um aceno efusivo à multidão.
Depois seguem os vários grupos; polícias, bombeiros, exército, cruz vermelha, escolas, hospitais, etc...
Os militares aparecem armados (e sempre com a mão no gatilho, talvez para impressionar...), divididos numa secção de Homens e uma de Mulheres. Depois passam as bandas do exército, da polícia, dos bombeiros, etc... Todas elas tocam as músicas do Carnaval, os êxitos que ficaram de 2005 e que ainda hoje tocam consecutivamente nas rádios enquanto se aguarda pelas sons de 2006 e que começam agora a ser apresentados (Pois é jáaí vem a febre do Carnaval)
Os bombeiros espalham água nas ruas com os camiões cisterna topo de gama, e a polícia traz os carros patrulha com as sirenes no máximo, decididos a estoirar os nossos tímpanos.
Nos céus são os helicópteros que se mantém parados no ar, depois de ter passado a força aérea (que eu me recorde uma avioneta, um avião um pouco mais moderno mas também a hélices, e um jacto dos anos 60 ou coisa parecida)
Confesso que não gosto muito de paradas, mas tinha que assistir à do dia da Independência, e a verdade é que acabou por valer a pena, nem que tenha sido pelos uniformes.
Lembrando um pouco as roupas coloniais, ou talvez as das Grandes Guerras, a parada leva-nos numa viagem ao passado. Os guardas das prisões trazem peles de tigre às costas, lembrando o homem do tambor que marca o ritmo do remo nas galeras romanas.
As senhoras da cruz vermelha vêm de cinzento e avental impecavelmente branco, com uma grande cruz no peito. Marcham muito sérias apesar da idade e da óbvia falta de jeito, num movimento quase caricato.
O exército sempre aprumado é quem tem a maior presença.
Depois veio novamente a música. Retomou-se o concerto interrompido no panyard e seguiu-se o pequeno-almoço que pela hora já ganhava contornos de almoço a sério.
Depois foi o sossego absoluto o dia todo até ao anoitecer. Havia fogo de artifício no Savannah Park, acontecimento tão raro que acaba por mover toda a cidade (2 vezes por ano, a segunda no ano novo).
Gosto sempre de fogo de artifício. Este não foi diferente de muitos dos que tenho visto, mas é sempre um prazer ver a profusão de cores e formas nos céus negros. Durou perto de 15 minutos, enchendo o ar de luz, num momento que para mim é sempre de sossego.
Mas assim que estoirou o último foguete comecei a ouvir os motores dos carros. É incríviel como as pessoas já se encontram de chave na mão. Em menos de 20 minutos não restava ninguém no parque que "só" é a maior rotunda do mundo (4km de perímetro).
Eram 21h00 e o dia tinha acabado. Às 22h00 já todos dormiam em Trinidad, e eu que não me consigo habituar a este ritmo mantive-me acordado em silêncio, "noctívago" como sempre até às 24h00... :)
De qualquer modo coloquei fotografias novas no link das fotos, e portanto a explicação.
Na quarta-feira de 31 (bem sei, já distante do calendário, que é o que dá vir pouco ao Blog... sorry) celebrou-se o Dia da Independência.
Claro que foi feriado, mais um para acumular aos anteriores e aumentar a minha sensação de semi-férias (neste momento já com 7 meses).
O dia marca a o momento em que Trinidad se torna independente de Inglaterra em 1962. É celebrado com muitas paradas e fogo de artifício à noite, mas começando pelo princípio.
Tudo começa de madrugada neste país (ainda me lembro de um certo vizinho a cortar relva às 5h00 da manhã com um "Weedy Wacka", ou corta-relvas daqueles que funcionam a gasolina). Claro que as paradas seguem um caminho idêntico, pois o facto de ser feriado não é motivo suficiente para manter alguém na cama.
Assim, bem cedo, "tudo o que marche"( como diz o Bernard) inicia a parada, a qual vai deslizando pelas principais ruas da cidade até chegar junto aos quartéis do exército onde termina.
A rua onde moro faz parte do percurso, e a proximidade dos quartéis faz com que só passem por minha casa às 11h00. Não que isso me tenha dado mais algum tempo de sono, pois às 8h00 já estava nos Invaders, que se preparavam para receber o "cortejo", e sobretudo o público que o segue, com muita comida, bebidas, e claro, música.
Como para músico residente ainda deixo um bocado a desejar, acabei por ser o "fotógrafo do momento" enquanto tocavam.
À passagem da parada a música parou.
O público está parado nos passeios, estreitos, talvez com 1.5m Aguardam as marchas, mas para além de observarem não comentam muito. Ainda pensei que batessem palmas, ou qualquer coisa parecida, mas tirando as que são deixadas a todos os elementos dissonantes (como a bicicleta com bandeiras) pouco acontece. É que apesar de toda a aparente "fogosidade" e do espírito das caraíbas, nunca conheci um povo tão recatado no expressar de emoções em público (Excepção para o Carnaval, onde vale tudo). Em trinidad não se dança, não se canta, não se festeja, a não ser que se vá de facto para a festa, ou para o lime... mas obviamente a parada é assunto de estado...
A primeira personagem a passar remete-me imediatamente para um 4 de Julho americano tal como o imagino, pois nunca assisti a nenhum. É um porta-estandartes, vestido com as cores nacionais e carregando a bandeira. Vem de chapéu na cabeça, óculos escuros e um aceno efusivo à multidão.
Depois seguem os vários grupos; polícias, bombeiros, exército, cruz vermelha, escolas, hospitais, etc...
Os militares aparecem armados (e sempre com a mão no gatilho, talvez para impressionar...), divididos numa secção de Homens e uma de Mulheres. Depois passam as bandas do exército, da polícia, dos bombeiros, etc... Todas elas tocam as músicas do Carnaval, os êxitos que ficaram de 2005 e que ainda hoje tocam consecutivamente nas rádios enquanto se aguarda pelas sons de 2006 e que começam agora a ser apresentados (Pois é jáaí vem a febre do Carnaval)
Os bombeiros espalham água nas ruas com os camiões cisterna topo de gama, e a polícia traz os carros patrulha com as sirenes no máximo, decididos a estoirar os nossos tímpanos.
Nos céus são os helicópteros que se mantém parados no ar, depois de ter passado a força aérea (que eu me recorde uma avioneta, um avião um pouco mais moderno mas também a hélices, e um jacto dos anos 60 ou coisa parecida)
Confesso que não gosto muito de paradas, mas tinha que assistir à do dia da Independência, e a verdade é que acabou por valer a pena, nem que tenha sido pelos uniformes.
Lembrando um pouco as roupas coloniais, ou talvez as das Grandes Guerras, a parada leva-nos numa viagem ao passado. Os guardas das prisões trazem peles de tigre às costas, lembrando o homem do tambor que marca o ritmo do remo nas galeras romanas.
As senhoras da cruz vermelha vêm de cinzento e avental impecavelmente branco, com uma grande cruz no peito. Marcham muito sérias apesar da idade e da óbvia falta de jeito, num movimento quase caricato.
O exército sempre aprumado é quem tem a maior presença.
Depois veio novamente a música. Retomou-se o concerto interrompido no panyard e seguiu-se o pequeno-almoço que pela hora já ganhava contornos de almoço a sério.
Depois foi o sossego absoluto o dia todo até ao anoitecer. Havia fogo de artifício no Savannah Park, acontecimento tão raro que acaba por mover toda a cidade (2 vezes por ano, a segunda no ano novo).
Gosto sempre de fogo de artifício. Este não foi diferente de muitos dos que tenho visto, mas é sempre um prazer ver a profusão de cores e formas nos céus negros. Durou perto de 15 minutos, enchendo o ar de luz, num momento que para mim é sempre de sossego.
Mas assim que estoirou o último foguete comecei a ouvir os motores dos carros. É incríviel como as pessoas já se encontram de chave na mão. Em menos de 20 minutos não restava ninguém no parque que "só" é a maior rotunda do mundo (4km de perímetro).
Eram 21h00 e o dia tinha acabado. Às 22h00 já todos dormiam em Trinidad, e eu que não me consigo habituar a este ritmo mantive-me acordado em silêncio, "noctívago" como sempre até às 24h00... :)
7 Comentários:
Bem.... depois desta descrição fiquei mesmo sem folego!!! como consegues resistir aos feriados???? Parece-me que aí é preferivel um dia de semana :))
Agora a sério: quase consegui "ver" essa manifestação de cor e música. Vai contando sempre as novidades que nós cá estamos para nos regalar com elas!!! Jinhos dos tios de Beja
No "tal" livro de fotografias que eu gostava que publicasses, podes utilizar estas a preto e branco. Mas... para quem esteve aí acho que era bom vê-las a cores. E tu sabes que eu gosto muito das fotografias a preto e branco!
É que... deve ser mesmo interessante.
Beijos - mãe
Gostaria de deixar um protesto oficial contra a paregem deste blogue. Parafraseando Inês Pedrosa, este blogue faz-me falta.
Há alturas em que é preciso parar, não escrever, ver e absorver, apenas. Se for este o caso, espero que este teu momento passe rapidamente...
Um beijnho
O blog não parou... o tempo em casa é q é curto... sorry
Passei o fim de semana em Mayaro. Amanhã prometo pôr o que hoje não consegui acabar de escrever ;)
Estive ausente do teu blog algum tempo.Motivo...não tive internet , o que já vai sendo um hábito neste canto á beira-mar florido!.Agora já está tudo bem e aqui me tens de novo a dizer que estou viva e que continuo deliciada com as tuas apaixonantes narrativas.
Belas fotos Pedro, a da tuba com o reflexo da banda está demais. :-)
Um abraço!
viva! esperarei então por mais um artigo, sempre tão bom de ler! (a anónima era eu, lá em cima)
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