Trinidad
9 e 10 de Agosto
Meus queridos.
Acham que me podia esquecer dos amigos? Claro que não, mas não tem sido fácil encontrar tempo para vir ter com esta máquina dos tempos modernos, que nos permite saber rapidamente de todos. Relatando:
Aqui cheguei a Trinidad depois de uma longa viagem e o receio de N.Y. ser o local onde me poderia perder (pois vocês sabem como é o meu sentido de orientação! Nada disso: pois o esquema que o João me fez do aeroporto estava IMPECÁVEL. Depois de um inglês muito macarrónico, cheguei sem grande dificuldade (mas com grande velocidade, dado o escasso tempo entre um voo e o outro) perto do meu filho. Ele esperava-me calmamente no aeroporto, pois o placard das chegadas dizia que o voo estava atrasado no preciso momento em que eu já estava a sair da alfândega. Sem comentários.
Na alfândega disse logo que só falava “a little” de inglês e a senhora quis ver a mala pequena; depois deu-me os parabéns, porque afinal eu falava bem e fazia-me entender – novamente para quem saiba como é o meu inglês, sem comentários.
Depois foram abraços fugidios não fosse alguma lagrimita saltar e aí viemos para casa. Uma casinha simpática e que o Pedro tinha já preparada para a minha chegada com jantar e tudo. Cansaço, dormida e conversa meio tímida. Muita vontade de perguntar tudo e nem saber por onde – apenas trocas de olhares e uma ou outra festa – alguns sorrisos entre olhares um pouco frágeis. No dia seguinte demos uma volta enorme durante todo o dia. Passámos por Arima (depois mostro o mapa) e fomos até Asa Wright ver os colibris; o almoço foi numa casa colonial, linda de morrer, toda em madeira e com uma varanda virada para a floresta; de seguida foi uma visita guiada pela floresta onde vi lagartos e um bicho tipo porquito de que não me lembro o nome. Depois fomos a Blanchisseuse, bem ao norte, tirámos muitas fotografias, passeámos pela praia ao fim da tarde – em Maracas e regressámos já tarde.
No domingo preparávamo-nos para ir dar um passeio pelo “Pântano” quando o Bernard nos telefonou e convidou-nos para passarmos o dia com ele, a mulher, um amigo (o Bob) e o casal dos belgas, numa casa que tem numa das ilhas perto de Port of Spain. Fomos de barco e eu vi uma das casas mais bonitas que possam imaginar – tenho fotos e espero que tenham ficado bem.
Ontem, 2ª-feira, foi a grande aventura, pois larguei sozinha até ao atelier onde o Pedro trabalha e fui almoçar com ele e com os belgas a um italiano. Depois de almoçar fui para a Baixa, onde me senti perfeitamente à vontade embora percebendo que era uma estranha no meio dos indianos e africanos que pululam na cidade. Senti o peso de me estar a intrometer num meio que não me pertencia e apercebi-me de como deve ter sido difícil o peso da colonização. Agora era eu (simples cidadã europeia que me introduzia num mundo bem diferente do meu). Fiz compras para a casa (alguidar, facas, garfos, taças para doce, além de produtos de limpeza... e um ou outro produto para limpeza mais profunda; falei do Figo e do C. Ronaldo numa drogaria onde comprei ácido muriático e voltei ao atelier para que o Pedro trouxesse as compras quando saísse. Vim para casa novamente a pé, fiz jantar e fui ouvir o ensaio dos Invaders – monumental. Uma vontade de dançar, mas o único par que encontrei foi um miúdo com 4 anos que metia qualquer professor de dança a um canto, quando dançava merengue – ri-me imenso e ele ensinou-me a ser mais rápida.
Hoje, depois de passear por outra zona da cidade - St. James (sempre sozinha, como devem perceber, pois o Pedro está a trabalhar) comprei papel auto-colante para forrar prateleiras, fruta e vim para casa. Numa lojeca onde comprei água encontrei o senhor “Gomes” um trini de descendência portuguesa (uma família que veio do Funchal). Convém dizer que estes passeios ocupam uma distância de cerca de 3 a 4 Km, à excepção do 1º dia que devo ter feito uns 6 a 7 km. Fiz sopa, fricassé, um bolo e uma limpeza à casa – forrei as prateleiras; acrescentei as cortinas com nova modalidade que tinha trazido de Lisboa.
Presenciei pela 1ª vez uma tempestade tropical que demorou cerca de uma hora. Parecia que despejavam duma vez só baldes de água ou que todas as torneiras se tinham aberto no máximo ao mesmo tempo. Quando o Pedro chegou fomos ver a CATEDRAL DE BAMBU – merece maiúsculas – dum lado e doutro da estrada crescem bambus enormes que devido ao peso se juntam a uma altura enorme, fazendo uma verdadeira ogiva como se fosse de facto uma igreja gótica. Qualquer foto ou descrição não diz a verdade, pois toda a floresta que rodeia este caminho de estrada é verdadeiramente espantoso.
Hoje de manhã fiquei em casa, pois estava muito cansada de tanta agitação. O Pedro vem almoçar e depois à tarde, penso ir à descoberta de outra zona da cidade. Há casas lindas com beirais rendilhados, em madeira, mas que necessitavam muito de ser todas recuperadas. É uma pena pois parece que as querem destruir para fazer “modernices”
Agora que as notícias estão em dia: a miséria é pior do que aquilo que o Pedro diz. Há em cada esquina, de manhã ou à noite mendigos andrajosos que dormem nos passeios – de todas as idades. Nada é reciclado, entregam-nos no super dúzias de sacos plásicos e por isso o lixo é imenso. Tudo o que falta dizer já vocês sabem pelo Pedro. Algumas lojas têm grades e pede-se o que se deseja por uma janelinha tipo “guiché” – deprime. As pessoas são simpáticas, mas a pronúncia é qualquer coisa de ininteligível. Diz o Pedro que há cerca de um mês é que os entende. Não pronunciam nunca os “RR” o que que´dize´ que falam assim.
O Bernard e a Rose (a mulher) são uns segundos pais quer para o Pedro como para os belgas; gostei imenso deles e agradeci-lhes a forma como têm tratado o meu filho. Ainda bem que trouxe um presente para cada um deles e que espero entregar-lhes para a semana em que penso dar um jantar cá em casa; por enquanto tenho-me estado a habituar aos sabores, pois não quero fazer “má figura”. É difícil perceber como acabando de conhecê-los, falando com dificuldade, rapidamente brincávamos e pegávamos em tudo o que era necessário para preparar o almoço. Depois conto os pormenores.
Sexta-feira partimos para Tobago, donde voltamos na 2ª feira de manhã.
O Pedro pôs-me a alcunha de “chuveiro ambulante”, pois desfaço-me em água enquanto ando na rua. Felizmente que a casa dele é fresca.
Estou ainda tão em cima dos acontecimentos que não sei dizer muito mais. Prometo que quando escrever no papel o farei com muito mais cuidado e carinho para todos os que me gostam de ler e ouvir.
Beijos a todos - MariaVona
9 Comentários:
obrigada pelo relato, prima...
queremos mais!!
:o)
divirtam-se MUITO!
bjs,
inês
Pááá, isto de blogue a quatro mãos tem muito mais piada! :-)
Beijinho & abraço para os dois
Ora assim é que é falar, prima!
Demorou, mas tirámos a barriguinha de misérias!
Tal filho, tal mãe (a ordem é a cronológica, de intervenção no blog, suas más línguas!...)!
Beijocas e bons passeios
Céu
Receba um boa tarde aqui da Polonia. É verdade, isso a 4 mãos tem muita piada. Deve estar a ser divinal... aproveite.
Nao querendo abusar do blogue do pedro, e sabendo como o mundo é pequeno... ohh Ines, dos comentarios, a "prima", não és tu a Inês, amiga da Claudia Pessoa, fã de Xutos e do Bairro?
QUEREMOS MAIS! QUEREMOS MUITO MAIS . ASSIM É MTO DIVERTIDO!!!!
Aproveita mana e "estrangula" com abraços esse meu "menino lindo da tia". beijos
Depois do que a Mãe escreveu, do que o Pedro tinha ido escrevendo, e do mais que adiante se verá, só nos resta ter orgulho nesta Família!
Aproveitem, e vão partilhando o que for possível!
Bjiños
marylight
abusando mais um bocadinho do blog do perdo: gonçalo, sou eu sim...neste momento menos fã do bairro e mais fã de fraldas e afins ;o) (obrigada pelo comentário na ervilha!!)
Beijinhos!!
ps - tens blog?
Tia Fernanda
É verdade a escrita a quatro mãos tem muito mais piada.O teu relato querida cunhada é muito elucidativo de como isso tudo é. Não deixa de ser para nós todos fascinante!Beijocas
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