Sons
Na minha casa o silêncio é rasgado continuamente pelos mais inimagináveis sons... De tal modo são pontuais, que quase poderia dizer que tenho um relógio natural.
Começam às 6h00. É a agitação da manhã que parece atacar todos os pássaros. Durante duas horas cantam, interminavelmente, numa luta de palavras que parece terminar apenas quando o sol já vai alto. Depois sossegam... mas calados nunca ficam...
Tenho uma "mangueira" no jardim (a árvore...) que lhes serve de poiso. Os ramos estendem-se até às janelas, e é frequente tê-los a "espreitar" cá para dentro.
Gostam de voar rente aos muros, e parar no tanque da água. São vizinhos agitados, mas gosto de os ter por aqui.
O dia, costuma ser mais sossegado. Falo apenas dos fim-de-semana, e sem grande conhecimento de causo, pois raramente aqui me encontro. Durante a semana o ruído do trânsito não admite concorrência. Felizmente trabalho a essa hora.
Quando chego, ao fim da tarde, e com o sol a pôr-se, chegam os papagaios. Verdes, e com o bico amarelo, voam sempre aos pares num jogo que dura todo o fim da tarde. Voam baixo. São desajeitados no bater das asas, mas muito ágeis e rápidos. Fazem mais barulho que todos os outros pássaros juntos. Parece que gritam, que discutem. Ou divertem-se apenas. Lembro-me quando os vi pela primeira vez... nem queria acreditar.
Depois foram os pelicanos, a mergulhar no mar para apanhar o peixe (mas estes não os tenho em casa....)
A noite, essa é dos cães. E estes sim, conseguem ser verdadeiramente insuportáveis... Não gostam de gente nas ruas. Melhor dizendo, não gostam de gente frente aos portões. E a cada passagem, há sempre um ladrar. Por outro lado parece que não gostam de ladrar sozinhos, e quando um começa, logo todos os do bairro se juntam, numa sinfonia que dura sempre, pelo menos 15min...
Felizmente que até os cães dormem, e estes deitam-se cedo, por volta das 00h00
Depois, acompanha-me durante a noite o ruído da água... um depósito a funcionar mal que o meu vizinho deixa a correr todas a noites. Mas deste gosto. A água a escorrer num fio, é sempre uma boa companhia.
E como numa orquestra, outros instrumentos se juntam ao longo do dia. As marimbas tocam sempre ao fim da tarde, ensaiando para os próximos concursos de steelpans e para o Carnaval, variando entre a mais doce melodia e o mais agressivo dos improvisos.
E a acompanhar, sobretudo depois do jantar, vagabundos, loucos, que gritam pelas ruas, num lamento de desespero e alucinação total...
Trinidad, país de contrastes, até nos sons...
Começam às 6h00. É a agitação da manhã que parece atacar todos os pássaros. Durante duas horas cantam, interminavelmente, numa luta de palavras que parece terminar apenas quando o sol já vai alto. Depois sossegam... mas calados nunca ficam...
Tenho uma "mangueira" no jardim (a árvore...) que lhes serve de poiso. Os ramos estendem-se até às janelas, e é frequente tê-los a "espreitar" cá para dentro.
Gostam de voar rente aos muros, e parar no tanque da água. São vizinhos agitados, mas gosto de os ter por aqui.
O dia, costuma ser mais sossegado. Falo apenas dos fim-de-semana, e sem grande conhecimento de causo, pois raramente aqui me encontro. Durante a semana o ruído do trânsito não admite concorrência. Felizmente trabalho a essa hora.
Quando chego, ao fim da tarde, e com o sol a pôr-se, chegam os papagaios. Verdes, e com o bico amarelo, voam sempre aos pares num jogo que dura todo o fim da tarde. Voam baixo. São desajeitados no bater das asas, mas muito ágeis e rápidos. Fazem mais barulho que todos os outros pássaros juntos. Parece que gritam, que discutem. Ou divertem-se apenas. Lembro-me quando os vi pela primeira vez... nem queria acreditar.
Depois foram os pelicanos, a mergulhar no mar para apanhar o peixe (mas estes não os tenho em casa....)
A noite, essa é dos cães. E estes sim, conseguem ser verdadeiramente insuportáveis... Não gostam de gente nas ruas. Melhor dizendo, não gostam de gente frente aos portões. E a cada passagem, há sempre um ladrar. Por outro lado parece que não gostam de ladrar sozinhos, e quando um começa, logo todos os do bairro se juntam, numa sinfonia que dura sempre, pelo menos 15min...
Felizmente que até os cães dormem, e estes deitam-se cedo, por volta das 00h00
Depois, acompanha-me durante a noite o ruído da água... um depósito a funcionar mal que o meu vizinho deixa a correr todas a noites. Mas deste gosto. A água a escorrer num fio, é sempre uma boa companhia.
E como numa orquestra, outros instrumentos se juntam ao longo do dia. As marimbas tocam sempre ao fim da tarde, ensaiando para os próximos concursos de steelpans e para o Carnaval, variando entre a mais doce melodia e o mais agressivo dos improvisos.
E a acompanhar, sobretudo depois do jantar, vagabundos, loucos, que gritam pelas ruas, num lamento de desespero e alucinação total...
Trinidad, país de contrastes, até nos sons...
4 Comentários:
Bem, estás (és!) um cronista de se lhe tirar o chapéu!
Já agora o q são steelpans, panelas metálicas?!!!
Bjcs
Steelpans são as orquestras que tocam "Pans". Bidões de gasolina transformados em instrumentos de percussão capazes de tirar várias notas diferentes. Ensaiam no que chamam panyards. O da minha rua é o dos Invaders, "nome de guerra" que usam o ano todo. Em Portugal chamamos-lhes marimbas.
Por acaso! Isto é que é escrever, rapaz!!! :-)
Tia Fernanda
Não precisas de despertador já estou a ver.O que eu gostava de ver os papagaios!Manda fotografias.Já agora,começa a pensar em publicar as tuas notas,porque estão muito bem escritas e são muito reais.Colocam-nos dentro da cena e faz-nos "ver" Trinidad.Bjs
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