sábado, maio 06, 2006

Peixe

Começou cedinho, com um acordar nada fácil às 6h30 de Sábado. Mas o motivo era forte e nem sono senti.
A aula (teórica) era às 8h00, mas em Chaguaramas, nas marinas, e por isso era necessário contar com o tempo para lá chegar.
Mas era pelas 9h00 que esperava, ainda sem saber muito bem como iria ser. Piscina, mar?

Foi mar :)

A carrinha enchia-se com equipamento. Coletes (BCD), barbatanas, máscaras, botijas, fatos, pesos. E junto à água um barco esperava.
Temos um instrutor, Rick, muito amigável e com tempo para responder a todas as perguntas, mas no início permanece o desconforto de sentir a vida nas mãos de outra pessoa. E se corre tudo mal lá em baixo, penso, sabendo de antemão que estes equipamentos não falham e estão desenhados para, em caso de avaria, nos levarem em segurança até lá acima.

Mas primeiro são os testes. Nadar 300m no mar, boiar por 10 minutos.
E o barco sempre atrás, com 3 pessoas que nos olham confortáveis nos bancos... Claro... quem dá as braçadas somos nós...

Passado o teste, seguimos para Scotland Bay. Pequena baía "Down the Islands" com água verde, transparente e quente. Parada. À minha volta as escarpas cobertas de vegetação tropical. Kobos a voar, um falcão também. Um sossego interrompido apenas pelo motor do barco.
Começa a explicação e o montar dos equipamentos, tudo no barco. As botijas, pesadíssimas assustam, mas o "pior" é quando me passam um cinto com pesos de chumbo para a mão... mas querem-me afogar? Não, apenas contrariar a flutuabilidade normal do corpo. E lá vamos aprendendo, o que se liga primeiro, como, etc...
Visto um fato de mergulho e sinto-me perro... Será que consigo andar com aquilo... e ainda me falta a botija e o regulador, um polvo de borracha que nos leva ar para o colete e boca.

Barbatanas,
Máscara,
...
Água.

A botija é colocada já no mar e estranhamente é tão leve... não a sinto.
Coloco o regulador e respiro... a medo. Será que vem ar?
Vem. Muito leve, sem qualquer esforço. Com a cabeça à superfície não percebo se estou de facto a respirar da botija ou se do exterior. Esvazio o colete...
Afundo...
Suavemente desço. Ajusto a pressão nos ouvidos.
Tudo tão calmo. Apenas algumas bolhas de ar que teimam sempre em chegar à superfície indicando-me que este não é o meu lugar.
Olho à minha volta. A profundida é curta, 3m apenas, pois temos exercícios para fazer e é a primeira vez que mergulhamos.
Não há tempo.... Respiro à vontade e não existe a necessidade de subir, reter novo ar.
Não me posso esquecer... não reter o ar. Respirar... sempre. Que estranho... afinal estou debaixo de água.

Não há peso. Flutuo e sinto-me um pouco astronauta. Em redor peixes.... imensos. E eu entre eles. Já não posso falar. Agora aprendo uma língua diferente, visual, onde os gestos transmitem segurança, receios, possíveis problemas, indicações.

Aprendo a tirar e colocar o equipamento debaixo de água. A limpar uma máscara que se encheu de água ou recuperar o regulador que caiu da boca por qualquer motivo.
É obrigatório ter calma. Sobretudo quando me cortam a admissão de ar, experimentando a sensação de uma botija vazia. O sufoco da completa ausência de ar... Os pulmões secos. E não poder respirar da água.
Aprendo a socorrer-me do segundo regulador que existe no fato do Jannes.

Diz-se que quem mergulha aprende a relaxar em momentos de stress. Talvez por ser obrigatório manter sempre a calma, saber viver 5 segundos sem ar quando é preciso fazer alguma troca, verificar alguma coisa.

Continuamos a nadar. Vejo lagartas marinhas com 50cm de tamanho, peixes aos milhares. Estou a 8m de profundidade e não dei por nada.
É primeira aula. Não era suposto.
Mas o Rick levou-nos, pois entendeu que nos estávamos a adaptar bem. E o prazer de navegar, a 50 cm do fundo, aprendendo a fazê-lo sem nunca tocar na areia :) pois podia ser coral e temos que aprender a preservá-los...

Mas o indicador de pressão não perdoa e desce velozmente. Estarei a respirar muito depressa? O Rick não parece preocupado.. e o Jannes tem valores idênticos. Pergunto-me se serão sempre assim tão curtos os mergulhos... é que o ar está a acabar...

Subimos então... e no meio da conversa pergunto quanto tempo estivemos no fundo...

1h05

e eu nem queria acreditar... para mim "foram" 15 minutos apenas...

5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Como já conversámos pouco irei dizer.
Mas não resisto:já sabes flutuar?
Deve ter sido muito bom! :)
Jinhos da mãe.

6/5/06 14:54  
Blogger JoaoN disse...

Ahhhh, que inveeeejaaa!!! :-D

6/5/06 15:56  
Blogger DoCeu disse...

Hmmm... não sei, acho q n era capaz...
Acho q o mais longe q eu consio ir é mm o snoerkeling com o rabo de fora!!! :-P

bjcs

6/5/06 21:14  
Anonymous Anónimo disse...

Vai ser um pouco diferente mergulhar no Tejo...

Açores será uma boa hipótese...?
:)

8/5/06 19:01  
Blogger nana disse...

pronto, está decidido: mãe, arruma as malas - vamos a trinidad!!!

beijo ENORME, primo!

leva-me contigo da próxima vez que lá fores abaixo, levas?... eu nem o cheiro.... :o(

xXx

12/5/06 06:23  

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