terceiro mundo...
O pêndulo do "big ben" (sim, o relógio de Londres) é afinado através da colocação de "penys" no topo para compensar variações no centro de gravidade e mantido três vezes por semana por um técnico da Thwaites and Reed.
O relógio do Queens's Royal College está parado. Felizmente, de acordo com o parecer do Mr. Lee, um técnico da mesma empresa que cá esteve esta semana para o inspecionar. A sujidade nas rodas dentadas é tanta que enquanto não for reparado não poderá continuar a funcionar.
O relógio da President´s House continua a girar. "Não pode parar", dizem as pessoas da casa, mas sem nenhum motivo aparente para que assim seja. E por isso funciona...
E entretanto estraga-se.
Tem perto de 200 anos e é mantido pelos mecânicos dos carros presidenciais que não compreendem porque motivo precisamos de um técnico próprio para o inspeccionar...
e é afinado...
com tijolos...
Deveria precisar de corda uma vez por semana. Afinal tem que ser cada dois dias.
Mas funciona...
Atrasa 10 minutos por dia... mas basta acertar os ponteiros...
e estraga-se...
Mas não pode parar. Os jardineiros gostam de ouvir o sino a tocar.
E no Jardim botânico já é uma referência.
O chefe das garagens, também parece saber "tratar" dele... Orgulha-se do seu trabalho e não fica muito satisfeito com a nossa presença.
E ao longo dos meses cresce a dúvida... resisitirá até ao restauro? E quando será o restauro?
Porque a burocracia afunda-se na própria burocracia e já nem se destingue a si própria... atando mãos e braços do próprio cliente, O Ministério das Obras e Transportes.
A casa, que deveria estar vazia desde Outubro continua ocupada. E as funções presidenciais agendadas até Maio. Mas não se pode subir ao segundo piso, onde o chão se desfaz quando andamos, cedendo à gula das térmitas.
A mobília empilhada pelos quartos mistura-se com documentos oficiais, antigos... com mais de 30 anos e das torneiras já não sai água
As sanitas secaram e estão negras, cheias de calcário.
Os pombos passeiam-se no sotão, e numa das varanda uma coruja branca, de igreja, fez a casa.
Um susto...
Mas durante dois dias vi relógios, ouvi estórias.
E aprendi um pouco de como funcionam, e de como um dedo apenas tem força para parar aqueles gigantes!
Mecanismos impressionantes, e delicados também. Silenciosos, precisos, movem sinos de dezenas de quilos e fazem-se ouvir a centenas de metros.
Só que permanecem esquecidos. Como tudo em Trinidad.
Tudo... excepto o Carnaval, o petróleo, e pouco mais...
Não se arranjam... remedeiam-se.
E não é possível explicar o erro a quem, com a maior das sinceridades nos olha e se orgulha de ter improvisado uma solução (adiando o dano, às vezes com implicações tremendas).
Afinal ficou barato... Porquê os especialistas?
E lembro-me da chapa ondulada que vi hoje. Substituia um muro já desaparecido, e estava decorada com azulejos. Poucos, porque a maioria já tinha caído...
E de como a empregada da President's House foi a uma loja dos trezentos. Comprou naprons "made in china" a 3TT$ (60 cêntimos cada) e usou-os para decorar a mesa de jantar numa recepção oficial a embaixadores...
ou como diz o Bernard...
"Well... Welcome to the Third World..."
O relógio do Queens's Royal College está parado. Felizmente, de acordo com o parecer do Mr. Lee, um técnico da mesma empresa que cá esteve esta semana para o inspecionar. A sujidade nas rodas dentadas é tanta que enquanto não for reparado não poderá continuar a funcionar.
O relógio da President´s House continua a girar. "Não pode parar", dizem as pessoas da casa, mas sem nenhum motivo aparente para que assim seja. E por isso funciona...
E entretanto estraga-se.
Tem perto de 200 anos e é mantido pelos mecânicos dos carros presidenciais que não compreendem porque motivo precisamos de um técnico próprio para o inspeccionar...
e é afinado...
com tijolos...
Deveria precisar de corda uma vez por semana. Afinal tem que ser cada dois dias.
Mas funciona...
Atrasa 10 minutos por dia... mas basta acertar os ponteiros...
e estraga-se...
Mas não pode parar. Os jardineiros gostam de ouvir o sino a tocar.
E no Jardim botânico já é uma referência.
O chefe das garagens, também parece saber "tratar" dele... Orgulha-se do seu trabalho e não fica muito satisfeito com a nossa presença.
E ao longo dos meses cresce a dúvida... resisitirá até ao restauro? E quando será o restauro?
Porque a burocracia afunda-se na própria burocracia e já nem se destingue a si própria... atando mãos e braços do próprio cliente, O Ministério das Obras e Transportes.
A casa, que deveria estar vazia desde Outubro continua ocupada. E as funções presidenciais agendadas até Maio. Mas não se pode subir ao segundo piso, onde o chão se desfaz quando andamos, cedendo à gula das térmitas.
A mobília empilhada pelos quartos mistura-se com documentos oficiais, antigos... com mais de 30 anos e das torneiras já não sai água
As sanitas secaram e estão negras, cheias de calcário.
Os pombos passeiam-se no sotão, e numa das varanda uma coruja branca, de igreja, fez a casa.
Um susto...
Mas durante dois dias vi relógios, ouvi estórias.
E aprendi um pouco de como funcionam, e de como um dedo apenas tem força para parar aqueles gigantes!
Mecanismos impressionantes, e delicados também. Silenciosos, precisos, movem sinos de dezenas de quilos e fazem-se ouvir a centenas de metros.
Só que permanecem esquecidos. Como tudo em Trinidad.
Tudo... excepto o Carnaval, o petróleo, e pouco mais...
Não se arranjam... remedeiam-se.
E não é possível explicar o erro a quem, com a maior das sinceridades nos olha e se orgulha de ter improvisado uma solução (adiando o dano, às vezes com implicações tremendas).
Afinal ficou barato... Porquê os especialistas?
E lembro-me da chapa ondulada que vi hoje. Substituia um muro já desaparecido, e estava decorada com azulejos. Poucos, porque a maioria já tinha caído...
E de como a empregada da President's House foi a uma loja dos trezentos. Comprou naprons "made in china" a 3TT$ (60 cêntimos cada) e usou-os para decorar a mesa de jantar numa recepção oficial a embaixadores...
ou como diz o Bernard...
"Well... Welcome to the Third World..."
3 Comentários:
Aqui, essa descrição quase parece irreal e digo irreal porque tb temos coisas que "bradam aos céus"... No entanto parece que aí tudo parou no tempo, parece que estou a ver um filme americano com muuuuiiiitos anos.... é a região do "desenrasca", mas ao mm tempo tão engraçada essa maneira de remediar os problemas... Vai contando, que nós por cá adoramos "ouvir"!!! Beijos (já com muitas saudades) dos tios
E se experimentasses dizer aos "misters" que "acid muriatic" é bom para o calcário? Não me digas que não te lembraste!!!!
Mãe
Deve ser complicado continuar a ouvir, e não explodir, não, Pedro?
É que tudo tem limite, até o desenrascanço, mas aí parece que esse limite ainda não foi alcançado...
Acho que se te tivessem deixado poderias ter documentado a tua "reportagem" com fotografias que mereceriam ir directas para a secção "No comments" da Euronews!...
Bjs
marylight
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