terça-feira, julho 25, 2006

Novamente em Trinidad

Eu sei, eu sei! Já devia ter dado notícias! Mas a principal responsável é a minha patroa, a “Lurditas”. Trabalhei tanto que depois de 23 horas entre a Estrada da Luz e Tragarete Road, a minha vontade foi apenas dormir.

Tentarei reconstituir os dias: Sábado de manhã fui com o Pedro até à Downtown para conhecer os novos colegas dele – a Maryann (venezuelana) e o Diogo (português). Estavam acompanhados de mais duas arquitectas – que trabalham noutro atelier – uma polaca e outra indiana (as duas com contrato por 3 meses). De regresso a casa comemos a tarte que ele tinha feito para o nosso jantar do dia anterior. Tarte de espinafres e cogumelos que estava muito boa.

À tarde passeámos por aqui perto, pois o jet leg ainda resistia. Domingo voltámos a Chaguaramas e visitámos o mosteiro de S. Benedito no Mount Hope e que eu não conhecia. Uma igreja católica com figuras de Maria e Stº António, mas claro com os nomes em inglês. À tarde ... praia e banho em Maracas – muito bom!!!! Jantámos na marina, como os turistas que lá estão nos yates.

Segunda-feira fiz uma de dona de casa nas coisas pequenas, pois há a referir que a casa estava um mimo. Almoço à maneira, em casa. Quando o Pedro voltou do trabalho fomos ao super comprar umas coisitas. Vimos o Match Point (em computador) e jantámos: sopa que ele tinha feito e bacalhau à Gomes de Sá.

E provavelmente é aqui que a história começa. Com dois pães na mochila que trazia às costas e um queijo flamengo fiz o check in no aeroporto, onde o senhor que me pesou a bagagem achou estranho eu viajar sozinha para Trinidad. Lá expliquei mais uma vez a história do costume. Disse-me que era engenheiro informático mas estava ali a trabalhar porque não encontrara outro trabalho. Perguntou-me (depois de ter achado que eu tinha muita sorte em vir para as Caraíbas) se trazia azeite ou aguardente, ao que respondi que não; apenas uma garrafa de vinho do Porto.. e não continuei porque ele achou que tudo estaria bem. Passei. Assim como a mala onde apenas iam duas garrafas de vinho tinto e uma de Porto, para além de um bacalhau inteiro. Verdadeira mala de emigrante. Sem poder ter mais peso, pois caso contrário mais coisas traria.

E perguntam vocês: ”Um bacalhau inteiro?” “Como o levaste.” Ora bem, a receita é a seguinte: parte-se o bacalhau em postas pequenas (mais ou menos metade das nossas postas) e cautelosamente, sem espaços, colocam-se num tupperware. Tapa-se com a tampa da vasilha. Depois coloca-se dentro de um saco de pano, juntamente com as sandálias. De seguida esperam-se quase 23 horas até Port of Spain e pede-se aos deuses locais que na alfândega não nos mandem abrir a mala.

Quando cheguei a Trinidad, na alfândega a senhora que estava no guichet perguntou-me com ar de espanto se eu vinha visitar um filho. Era o que tinha posto no papel que preenchemos no avião. Confirmei e, claro expliquei o que ele fazia. Emocionada deixou-me passar, carimbou o passaporte e o bacalhau chegou ao seu destino.

Se até aqui os resultados forem positivos (que foi o caso) basta depois pôr de molho e cozinhar como melhor nos apetecer. Calhou ser à Gomes de Sá, poderia ter sido doutra forma – mas como há muito no frigorífico, claro que outras receitas iremos experimentar.

Partida de Lisboa com uma hora de atraso e partida de Caracas com 3 horas de atraso, num aeroporto que é um corredor e em que o “atraso” também é a dominante.

O tempo em relação ao ano anterior: parece-me menos calor, mas muita humidade. Talvez mais chuvoso, pois hoje saí de sombrinha (não pelo sol) porque havia uma chuvinha de molha muitos parvos e de mocassins. Achei que era melhor para não molhar os pés. Logo que a chuvinha parou secou tudo, até a sombrinha dentro do meu saco de pano.

Fotografei os murais da escola que o Pedro visitou – a dos deficientes motores.

Vim por St. James e comprei fruta – mangas pequeninas e bananas. Quando cheguei a casa pingava – de transpiração – por todos os lados. Fiquei em “biquini” a cozinhar almoço português acompanhado de um vinhito alentejano (Conventual) e fiz bolo de yogurte. O Pedro almoçou que nem um abade.

Junto à casa dele demoliram uma casita e estão a fazer “uma coisa” que deve ser construção grande – é moda – este ano há várias. Os trinis conseguem trabalhar na obra menos tempo do que eu em casa e ontem, dois deles invadiram o quintal e com um pau varejaram a goiabeira e levaram as goiabas. Bem quis dizer que não, mas é impossível entendê-los e fazem uma cara de súplica que lá deixei. O Pedro já andava desconfiado que eles roubavam as goiabas, pois as maduras desapareciam da noite para o dia seguinte.

A casa do meu filho começa a ter muita marca das coisas de que ele gosta e está muito mais compostinha.

Temos falado muito, como dois bons amigos. Claro que a falta da Leen e do Jannes sente-se muito. Mas... paciência. Vão escrevendo e dando notícias.

Ainda não vi o Bernard. Penso visitá-lo amanhã.

É tudo um pouco diferente – não há surpresas para mim. Parece que estive aqui há dois ou três meses e sei perfeitamente onde e quando posso ir. Já não há pressa em conhecer, mas sim em registar com mais cuidado, pois penso que já não voltarei a Trinidad. Nota-se uma mudança impressionante no parque automóvel. Para melhor. Diz o Pedro que o carro para eles é mais importante que a casa.

Prometo ir dando notícias. As engraçadas costumam ser as da Downtown quando ando sozinha, o que acontecerá também amanhã.


Beijos a todos.

3 Comentários:

Blogger JoaoN disse...

Já tínhamos saudades desta blogger convidada!! :-D

25/7/06 20:56  
Blogger DoCeu disse...

Do melhor, prima!
E mais ñ comento, q são 2 da manhã

25/7/06 21:08  
Anonymous Anónimo disse...

A nossa sorte é que quando dá a preguiça ao efectivo, avança a suplente... ;)

bjiños

marylight

27/7/06 09:31  

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