Diwali
O diwali foi ontem. Também conhecido como festa das luzes é uma celebração religiosa Hindu, e em Trinidad feriado. Explicar o diwali não está ao nível de qualquer um, pois a versão longa inclui 5 dias de festa, dezenas de deuses e lendas, pelo que o preferível mesmo será uma pesquisa por outros lados... (sorry...). Para leigos como eu, estes dias podem ser "comparados" ao nosso natal e ano novo.
Trinidad tem uma comunidade indiana enorme pelo que é muito simples ver pelo menos a parte visível desta celebração, a festa das luzes.
Claro que assim que o sol se pôs saí para ir espreitar as ruas. Caminhei por St. James e Woodbrook, onde alguns jardins e ruas tinham sido preparados para o Diwali. Mal escurece acendem-se as deyas (lê-se diias, pelo menos aqui...), pequenas conchas de barro. Nelas coloca-se um certo óleo e um pavio ao qual se pega fogo.
Quem me conhece sabe da minha "fixação" pelo fogo, e como consigo passar horas a olhar para uma chama. As deyas, talvez pelo seu carácter mais tradicional, têm em si uma dimensão profundamente acolhedora. Ao vento a chama branca dança suspensa parecendo sempre que vai fugir, e durante toda a noite centenas de pessoas permanecem junto a elas, garantindo que se mantém acesas.
O bambú é utilizado para as suportar. Com ele fazem decorações com as mais variadas formas: aranhas, símbolos religiosos (cruz suástica, estrela de 5 pontas, estrela de david) foguetões,carros, comboios, tudo o que a imaginação possa comportar parece ser válido. As deyas acompanham as linhas destas estruturas imaginárias criando autênticos objectos de luz.
Contudo é necessário conduzir até ao interior do país, durante a noite, para compreender verdadeiramente a dimensão desta festa (ou pelo menos assim nos foi dito...). Para mim, que não conheço propriamente bem Chaguanas isto era um problema. Felizmente que recebi um telefonema de uma amiga que ia a Felicity (sim... é mesmo o nome de uma cidade bem no centro do país) para tirar fotografias :)
Ganhei uma boleia e lá fui, com ela e com os pais espreitar o Diwali numa das regiões com maior número de indianos.
Foram quase duas horas de trânsito alucinante para lá chegar. "Aparentemente" mais gente lembrou-se do mesmo, e estas estradas fabulosas não perdoaram... mas infelizmente para todos, grande foi também a desilusão...
Sim... luz não faltou. Tanta que parecia ser dia... mas era luz eléctrica. Luzes de natal verdes, vermelhas, azuis, brancas numa ostensividade e quantidade de tal modo opressivas que quase se tornavam ridículas. Nas casas, nos carros, em todo o lado.
De vez em quando uma casa com deyas. E é tão diferente a sensação que estas produzem, como um contraponto. O recolhimento, a oração de um lado, o consumismo desenfreado do outro, com milhares de décibeis cuspidos pelas colunas de som.
Valeu pelo menos o passeio. Sempre nos rimos e gozámos com a situação (acho que não havia outro modo de lidar com ela) e lá tirámos algumas, poucas, fotografias...
Valeu também pelas roupas magníficas que vi. Pela importância do momento, não havia mulher que não estivesse vestida com um Sari. Lindíssimos, em todas as cores, como só vistos em filmes. Por um momento a sensação de estar em plena Índia foi real e só lamento a noite por tornar impossível qualquer fotografia de jeito das pessoas...
9 Comentários:
Que inveja, pedro!!! Deve ser um espectaculo magnifico. E tu sabes como eu também gosto do fogo... Lembras-te daquelas tardes, nas Areias de S.João, em que ficavas ao meu colo a ver as chamas na lareira? e isto depois de quase implorarmos ao teu pai que, ainda o sol n se tinha posto, a fosse acender depressa... Que saudades do tempo em que cabias no meu colo, mas tb que orgulho de seres o homem que és!!!! (e com um bocadinho de boa vontade quem diz que n vais caber no meu colo, pelo Natal???!!!) gosto muito de ti, meu querido.
Esqueci-me de te dizer como gostei das fotografias. Estão lindas de morrer. Imagino a magia de todas essas luzes, na noite. Não é preciso dizer-te que são momentos que nunca vais esquecer.... aproveita-os o melhor que puderes e deixa-os "aconchegar no teu coração" para um dia contares aos teus filhos tudo o que viste e sentiste neste ano, aí tão longe...
as fotos estão magníficas!! :o)
deve ser um espectáculo!!
Adorei as fotos, estão magníficas miúdo! Valem bem os quilómetros, os décibeis e os néons que tiveste que suportar... :-)
As fotografias estão muito boas. :)
A tia Zezinha anda a copiar-me com a expressão "lindas de morrer" - parece-me bem que vai ter que pagar direitos de autor.
Gostei muito das fotografias.Não imaginava sequer como poderiam ser apesar de me teres falado mais ou menos como seria o espectáculo.
Beijos grandes da mãe.
Querido Pedro
Estive muito tempo ausente do teu blog porque estive com o tio nas termas.Coisas de velhos!...As tuas fotografias estão espectaculares e reflectem bem o mistério que sentimos quando privamos com costumes orientais.Há sempre qualquer coisa de fantástico no ar que não sabemos explicar! Achei lindo.bjs da tia Fernanda.
Não achei muita graça a essa dos tremores de terra e não penses que também não fico com o coração apertadinho( o tal mal de família)quando vejo as notícias aí das Américas...Lembro-me sempre de ti e faço figas para que tudo corra sempre bem.Bjs da tia Fernanda
Deve ter sido muito bonito mesmo!
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