As primeiras impressões
POST RESUMO ... para os que dizem que escrevo demais :)
Cheguei...
Estou bem...
Tenho jet lag...
Ainda não percebi onde estou...
E agora o resto... que confesso, não saber muito bem por onde pegar...
Fui de férias para Lisboa. Estranho, como a ordem das coisas se inverte e a minha cidade passa a ser um destino de férias... Mas se calhar digo mal. Voltei a casa por uns dias talvez seja mais correcto. Porque foi esta a sensação.
Como se tivesse estado ausente apenas por uns segundos. Lisboa continuava a ser a minha cidade, a minha casa. Igual a como a conheci sempre. As mesmas pessoas, as mesmas ruas, os mesmos sons e cheiros. Uma identificação profunda com o mundo onde sempre cresci.
Esperava ser surpreendido. Descobrir algo de diferente. Mas a cada passo sentia cada vez mais que tudo estava como deixei. E talvez a surpresa tenha sido esta.
Passou quase um ano, mas a minha cidade permaneceu igual. Passeei muito nela, e dei por mim a tirar fotografias num frenesim turístico. Mas sabia o que queria fotografar. O que procurar. Como se quisesse registar finalmente todos aqueles locais pelos quais sempre me habituei a passar, mas que pelo ritmo diário e a certeza de voltar a ver nunca registei.
Foi bom sentir frio outra vez e vestir um casaco grosso. Respirar um ar que não me lembrava ser tão leve, e descobrir como o sol é tão diferente. Raso de inverno, muito branco. Laranja no fim da tarde. quente quando sentado num banco de jardim sem vento.
Ansiava sobretudo por voltar a rever todas as pessoas que me marcaram, que de um modo ou outro fazem parte da minha vida.
Foi bom. Soube a muito. Soube a pouco...
Não sei definir o misto de contradições que se estenderam por mim ao longo destes dias. Cada encontro era um prazer. No fim, um vazio, muitas vezes da despedida. Foram poucas as pessoas com quem estive mais do que uma vez. E menos ainda as com quem tive de facto tempo para falar.
Nas corridas do "como foi?", "estás a gostar?", "conta coisas", "mostra fotografias" fica pouco tempo para pôr a conversa em dia, para voltar a encontrar o conforto da companhia. Como numa corrida, os jantares, almoços, saídas, sucederam-se num ritmo alucinante, com dois ou três programas por dia... pouco tempo para tudo... Tanto para caber em quase nada de tempo...
Porque não foram três semanas de férias... foram três semanas de regresso a casa.
O tempo voou. Sabia que ia ser rápido, mas não compreendi de facto que seria a esta velocidade. Procurei equilibrar o tempo o melhor que pude, mas não deu para tudo... E se foi bom, a verdade é que também houve muito que não pude fazer.
E fiz escolhas que não foram fáceis. Amigos que não vi. Que talvez veja no próximo Dezembro, dentro de um ano... talvez.
Vim feliz contudo. Alguns dos momentos que vivi em Portugal foram dos melhores da minha vida. Talvez pela intensidade com que foram vividos, talvez pela certeza de que iam ser curtos.
Descobri em mim uma força que não suspeitava perante algumas situações, e sorriu ao pensar que ainda me falta aprender tanto sobre mim.
Trouxe muito para Trinidad. Os rostos que há muito não olhava. A companhia da minha mãe, pai e irmão. Dos amigos e família que me procuraram e com quem pude estar.
Conversas antigas que puderam ser, por momentos, retomadas. "Cafés" pendentes há muito.
Um sorriso doce de uma amiga, uma mão que não esqueço.
Promessas de visitas :)
Trago também mágoas e tristezas. Dores que percebo não me podem fazer voltar agora a trás, e com as quais terei que viver de longe.
Numa amálgama de sentimentos contraditórios não consigo perceber onde me situo.
Cheguei há dois dias mas só hoje pousei depois de uma limpeza longa à casa. Olho para Trinidad, recordo Portugal... E tudo me parece um sonho.
Movo-me em Port-of -Spain como se de cá nunca tivesse saído. Lisboa é já uma miragem que só volta a acontecer dentro de um ano... Dentro de mim permanece um silêncio longo onde procuro compreender o significado destes dias.
Penso no sentido de ter voltado. pergunto-me porque vim, mas sei não estar arrependido de o ter feito. Olho as pessoas de novo e vejo que também elas, cá, se tornaram parte da minha vida... e de repente descubro duas "famílias", uma em Portugal, outra em Trinidad.
Penso como será quando regressar de vez a Lisboa. Quando os tiver que deixar.
Penso como será agora este ano, em que, mais uma vez, deixei para trás tanto...
Não me sinto triste... ou alegre. Pairo no ar, sem me conseguir concentrar no mundo em que estou. A minha cabeça fervilha de emoções... e procuro encontrar-me de novo, saber quem sou, onde estou.
Recordo muitas vozes diferentes, muitos olhares, um sorriso doce...
Sei que o meu caminho agora é por aqui, por mais um ano, e procuro onde pôr o pé, como dar de novo os passos.
E digo até já a Lisboa
Olá a Trinidad
Cheguei...
Estou bem...
Tenho jet lag...
Ainda não percebi onde estou...
E agora o resto... que confesso, não saber muito bem por onde pegar...
Fui de férias para Lisboa. Estranho, como a ordem das coisas se inverte e a minha cidade passa a ser um destino de férias... Mas se calhar digo mal. Voltei a casa por uns dias talvez seja mais correcto. Porque foi esta a sensação.
Como se tivesse estado ausente apenas por uns segundos. Lisboa continuava a ser a minha cidade, a minha casa. Igual a como a conheci sempre. As mesmas pessoas, as mesmas ruas, os mesmos sons e cheiros. Uma identificação profunda com o mundo onde sempre cresci.
Esperava ser surpreendido. Descobrir algo de diferente. Mas a cada passo sentia cada vez mais que tudo estava como deixei. E talvez a surpresa tenha sido esta.
Passou quase um ano, mas a minha cidade permaneceu igual. Passeei muito nela, e dei por mim a tirar fotografias num frenesim turístico. Mas sabia o que queria fotografar. O que procurar. Como se quisesse registar finalmente todos aqueles locais pelos quais sempre me habituei a passar, mas que pelo ritmo diário e a certeza de voltar a ver nunca registei.
Foi bom sentir frio outra vez e vestir um casaco grosso. Respirar um ar que não me lembrava ser tão leve, e descobrir como o sol é tão diferente. Raso de inverno, muito branco. Laranja no fim da tarde. quente quando sentado num banco de jardim sem vento.
Ansiava sobretudo por voltar a rever todas as pessoas que me marcaram, que de um modo ou outro fazem parte da minha vida.
Foi bom. Soube a muito. Soube a pouco...
Não sei definir o misto de contradições que se estenderam por mim ao longo destes dias. Cada encontro era um prazer. No fim, um vazio, muitas vezes da despedida. Foram poucas as pessoas com quem estive mais do que uma vez. E menos ainda as com quem tive de facto tempo para falar.
Nas corridas do "como foi?", "estás a gostar?", "conta coisas", "mostra fotografias" fica pouco tempo para pôr a conversa em dia, para voltar a encontrar o conforto da companhia. Como numa corrida, os jantares, almoços, saídas, sucederam-se num ritmo alucinante, com dois ou três programas por dia... pouco tempo para tudo... Tanto para caber em quase nada de tempo...
Porque não foram três semanas de férias... foram três semanas de regresso a casa.
O tempo voou. Sabia que ia ser rápido, mas não compreendi de facto que seria a esta velocidade. Procurei equilibrar o tempo o melhor que pude, mas não deu para tudo... E se foi bom, a verdade é que também houve muito que não pude fazer.
E fiz escolhas que não foram fáceis. Amigos que não vi. Que talvez veja no próximo Dezembro, dentro de um ano... talvez.
Vim feliz contudo. Alguns dos momentos que vivi em Portugal foram dos melhores da minha vida. Talvez pela intensidade com que foram vividos, talvez pela certeza de que iam ser curtos.
Descobri em mim uma força que não suspeitava perante algumas situações, e sorriu ao pensar que ainda me falta aprender tanto sobre mim.
Trouxe muito para Trinidad. Os rostos que há muito não olhava. A companhia da minha mãe, pai e irmão. Dos amigos e família que me procuraram e com quem pude estar.
Conversas antigas que puderam ser, por momentos, retomadas. "Cafés" pendentes há muito.
Um sorriso doce de uma amiga, uma mão que não esqueço.
Promessas de visitas :)
Trago também mágoas e tristezas. Dores que percebo não me podem fazer voltar agora a trás, e com as quais terei que viver de longe.
Numa amálgama de sentimentos contraditórios não consigo perceber onde me situo.
Cheguei há dois dias mas só hoje pousei depois de uma limpeza longa à casa. Olho para Trinidad, recordo Portugal... E tudo me parece um sonho.
Movo-me em Port-of -Spain como se de cá nunca tivesse saído. Lisboa é já uma miragem que só volta a acontecer dentro de um ano... Dentro de mim permanece um silêncio longo onde procuro compreender o significado destes dias.
Penso no sentido de ter voltado. pergunto-me porque vim, mas sei não estar arrependido de o ter feito. Olho as pessoas de novo e vejo que também elas, cá, se tornaram parte da minha vida... e de repente descubro duas "famílias", uma em Portugal, outra em Trinidad.
Penso como será quando regressar de vez a Lisboa. Quando os tiver que deixar.
Penso como será agora este ano, em que, mais uma vez, deixei para trás tanto...
Não me sinto triste... ou alegre. Pairo no ar, sem me conseguir concentrar no mundo em que estou. A minha cabeça fervilha de emoções... e procuro encontrar-me de novo, saber quem sou, onde estou.
Recordo muitas vozes diferentes, muitos olhares, um sorriso doce...
Sei que o meu caminho agora é por aqui, por mais um ano, e procuro onde pôr o pé, como dar de novo os passos.
E digo até já a Lisboa
Olá a Trinidad
7 Comentários:
porra que me deixaste de lágrimas nos olhos!! :'o)
apesar de ter sido meio a correr e das poucas palavras que trocámos, gostei muito de te ter revisto, primo.
um beijinho com muito carinho!
inês
Não fiquei de lágrimas nos olhos. Quase sabia que ias escrever o que escreveste. A sério. E tu sabes porquê.
Mais uma vez retomamos esta correspondência telegráfica no blog; e mais uma vez fico impressionada com o que dizes e a coragem que tens em dizê-lo.
Um beijo. Mãe
É bom, muito bom, mesmo, voltar a ter os teus "escritos"!
Sabe muito bem "vogar" por essas frases que tanto nos enchem (porque está lá tudo, ou talvez não...)
Um beijo, de uma parte da "família de cá"
marylight
Pois olhem, eu, que devo ter sido a primeira pessoa a ler a posta (ele avisou-me online pelo Msn que tinha acabado de actualizar o blog), só vos digo que fiquei sem palavras, e não escrevi nada porque pensei: "perante uma prosa desta qualidade que raio de comentário foleiro é que se escreve"?!!!!
E a seguir, egoísta (e aqui a mãe do blogueiro vai dar-me um tiro): "Quase apetece dizer que foi bom ele ter voltado par avoltar a ler coisas destas..."
Abração enooooorme
Céu
Claro que a "mariquinhas" da família se ía esbugalhando a chorar... E lá tás tu a dizer: "parece parva!!!", e tens razão. mas que queres? Quem te manda escrever assim, "desenhando" as palavras para que todos consigamos ver o que tu queres mostrar? Já tinha saudades desta comunicação sem som, mas com muito amor. Beijinhos de todos aqui do Alem Tejo. (E n te esqueças do tal especial que está guardado só nós sabemos onde :))...
Dia 22 de Janeiro, vamos todo(o)s votar em ti!!!
:)
Sou leitora assídua do blog há mt tempo, nunca fiz nenhum comentário a nenhum dos posts (por vezes penso que seria como envadir uma privacidade, que sei que não existe!), mas desta vez... não pude resistir!
Para mim, foi 1 dos teus melhores posts!
Aproveito tb para dar os parabéns pelas fotografias que tens mostrado ao longo do blog!
Ah! Já agora.... nada de resumos!
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